Estive pensando em maneiras de iniciar esse texto, mas não existe outra forma, se não dedicar ele à todas as pessoas que me inspiram a criar.
Sempre busco ter novas ideias e, quando tenho, costumo anotar no meu celular, um post-it ou até mesmo na própria lembrança. Isso não é uma tarefa fácil, ideias não surgem do nada e você dificilmente terá um estalo. A famosa lâmpada acesa na cabeça, com uma ideia vinda de uma fonte de inspiração misteriosa.
Conforme vou anotando as minhas ideias, elas ficam lá. Paradas esperando a hora de saírem em busca da liberdade. O grande momento de serem utilizadas e contribuírem em algo — ou não!
Minha namorada, Fernanda, diz que eu preciso ser uma pessoa mais leve, que não basta pensar infinito, eu preciso fazer.
“Você é muito bom, mas não basta só colocar essa cabeça para funcionar. Vai pensar até quando? Tem que fazer também. Não acumule ideias, coloque-as em prática!”
É até engraçado citar isso. Já que a pessoa que me inspirou a escrever e começar a compartilhar minhas criações foi ela.
Ouvir esses comentários, principalmente de pessoas que possuem um perfil executor, no primeiro momento nos deixa sem reação. Você fica parado sem saber o que dizer. Em algum momento, aceita e entende que ficou muito tempo estagnado. É óbvio, as pessoas que estão ao nosso redor enxergam mais o nosso potencial do que nós mesmos, isso é um fato.
É também inspirador. Quantas vezes você já foi impactado por um comentário de alguém ou uma sugestão de projeto que você poderia fazer, quando comentou algo ou recebeu ideias?
As pessoas que formam o seu ciclo são o que, em muitos casos, contribuem para que a sua capacidade de criar e de interagir com o que você gosta se intensifique e molde ainda mais a sua identidade, consequentemente o que te oferece mais segurança para criar do seu jeito. Essas pessoas te inspiram a criar.
Como as pessoas me transmitem esse sentimento?
Em conversas e ações do dia a dia, seja enviando vídeos engraçados ou mostrando ideias que eles acharam nas redes sociais. Falando sobre futebol, compartilhando suas conquistas, histórias ou até mesmo me dando aquela bronca por eu não ter divulgado um projeto em todos os lugares possíveis.
Tudo pode se tornar ideia, tudo acaba criando margem para que eu possa finalmente soltar a criatividade e deixar que as coisas fluam e sejam como devem ser.
“Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.”
— Charlie Chaplin
Um amigo meu, Carlos, é uma das minhas principais fontes de informações sobre moda e estilos de vida. São mensagens simples que acabam virando horas e horas de conversas sobre como teremos a próxima ideia que marcará o mundo de vez.
Ele sempre vem com a mesma história “mano, é muito doido quando…”, aí já era, você acabou de ouvir a maior teoria de como ele conseguiu superar mais uma expectativa e tornou-se melhor do que ontem ou de como falhou e tudo bem falhar.
Outro amigo, Cristian, me envia letras de suas músicas, que sempre superam as anteriores. Pontos de vistas contrários sobre as minhas ideias, muitos sermões sobre eu não estar valorizando o meu trabalho como deveria, memes que fazem o meu dia ser mais animado e criativo, além de palavras que mostram o quanto posso ser um bom artista.
Essas interações formam apenas uma parte de todo o meu processo criativo. Não são a minha principal fonte de criatividade, incentivo ou coragem, mas a parte que solidifica ainda mais a minha capacidade de me expressar.
Meu antigo professor de história e amigo, Henrique, uma vez me disse que eu era um observador, pois possuía uma característica diferente das outras pessoas.
“Algumas pessoas pensam no pôr do sol, outras caminham em direção até ele. Você é o cara que apenas admira. Você não pensa em vê-lo ou vai até ele. Apenas contempla.”
No começo, senti como se eu estivesse aparentando não querer nada com a vida, depois fui acolhido por essa visão. As vezes você não precisa fazer nada, apenas entender o seu momento e aproveitar o ócio para refletir sobre o seu aprendizado até aqui.
A verdade é que o apoio e a participação dessas pessoas faz com que eu seja um designer melhor. Um designer que pode inspirar outros designers e que tem cada vez mais criado coragem para mostrar a minha imagem. Uma pessoa que não fica apenas observando, mas que põe a mão na massa, que não tem medo de mudar a rota quando necessário e, nos meus melhores momentos, contemplar ao redor para apreciar as coisas acontecendo sem me preocupar com o que vem depois.
Como diz Tereza Alux — uma designer incrível e minha mentora, em um texto muito bacana:
“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.”
Leituras que podem te inspirar a criar:
- Roube como um Artista, Austin Kleon, 2012
- As coisas que você só vê quando desacelera, Haemin Sunim, 2012
- Sobre a brevidade da vida, Sêneca, edição 2020
- O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry, 1943
- Guia Prático para a Criatividade: O Caminho do Artista, Julia Cameron, 1992