A maior parte dos mortais lamenta-se sobre a maldade da natureza, porque nascemos para viver poucos anos, e este espaço de tempo que nos é dado passa tão rápido, tão velozmente, que, com poucas exceções, a vida abandona os demais enquanto ainda se preparam para viver.
— Sêneca sobre a brevidade da vida
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Após um longo dia, quando estava prestes a dormir, me veio um pensamento: Eu estou com pressa de quê?
Por qual motivo eu tenho tanta pressa para ir atrás da vida dos sonhos?
Um momento de reflexão que apareceu de repente, mas que me fez reavaliar como estava vivendo os meus dias e a forma como enxergava o meu esforço.
Diversas vezes me vi correndo atrás do sucesso, na tentativa de triunfar e conquistar meus objetivos, em busca da “vida perfeita”. Seria uma atitude legal, se isso não estivesse me levando ao caminho contrário.
Na busca por excelência e pelo desejo de entregar sempre o meu melhor, acabei confundindo as coisas e caindo na armadilha da cobrança em excesso e das comparações com profissionais que estão há muito mais tempo no mercado ou simplesmente em momentos de vida diferentes.
À medida que o tempo passava, eu me sentia cada vez mais agoniado, sufocado pela sensação de insuficiência. Sentia a necessidade de continuar estudando, de trabalhar mais do que qualquer um, entregar os melhores resultados, ter as melhores ideias, ser o ponto central, o destaque, original… ser o melhor. Eu estava correndo atrás de uma vida que em muitos momentos não gostaria de ter.
Um dia, uma amiga chamada Tatiana, disse-me uma das frases que mais me deixou sem palavras:
“Chega de estudar. Nem tudo é sobre produzir. Não é só acumular. Você precisa aproveitar, fazer as coisas que gosta para sentir a emoção e ver tudo o que as suas realizações te proporcionaram.”
Por que eu estava correndo tanto? Eu nem conseguia mais responder. Achava que era necessário, mas não sabia o porquê.
Buscar a felicidade e a realização profissional não é uma ideia ruim, mas sim a forma como você faz. Não vou questionar os motivos de você ter pressa. A falta de dinheiro é um deles, eu sei. A vontade de experimentar coisas novas, de ter o conforto necessário e a sensação de que o sucesso finalmente chegou, a hora de brilhar. Isso causa pressa mesmo, você quer ficar tranquilo o quanto antes, quer ter a vida dos sonhos.
O que estou tentando dizer é: Tenha mais cuidado com você, pense um pouco mais e tome decisões com mais segurança. Você não precisa parar de buscar o que deseja e nem deve, mas tem que se preocupar com a forma que está fazendo isso.
Eu sei como é. Você começa a idealizar os seus projetos e a imaginar todos os cenários possíveis de como eles terão um impacto X ou Y na sua vida e das pessoas ao seu redor. Faz mil planos para que tudo saia do seu jeito e, por fim, mostrar a que veio. Em seguida, entra nas redes sociais e imediatamente é bombardeado com estilos de vida diferentes e, na tentativa de buscar inspiração, acaba se comparando com usuários que não estão na mesma situação.
Além disso, é nessa vontade de criar e de evoluir desesperadamente, que nos frustramos, sentimos que não estamos progredindo e que precisamos ser melhores. É o momento em que caímos na armadilha — a famosa síndrome do impostor — e voltamos para o estágio inicial.
Do que você está tentando escapar?
Quem você está tentando superar?
Que vida você está tentando viver?
E como poderíamos querer viver de outra forma, uma vida de outra pessoa, se não começamos do mesmo ponto de partida? Não temos a mesma história, os mesmos motivos, objetivos, desejos e princípios, que fazem com que busquemos por essa realização. A sua história e os seus sonhos só dizem respeito a você. Então, por que correr? Você está disputando uma corrida com quem?
Esqueça os discursos de coachs baratos, as mensagens rasas de superação, pessoas falando que você precisa se esforçar além dos limites, promessas de ganhar 10 mil reais em menos de 3 meses, cursos que prometem uma evolução absurda em pouco tempo, a falsa ilusão de que todo o caminho será fácil e principalmente a ideia de que você precisa ter uma super rotina, tudo organizado nos mínimos detalhes. Tudo o que está fazendo é pelos seus próprios objetivos, a sua própria vida, por você.
Você não vai encontrar o que procura se continuar mirando o fim da sua jornada. O que está buscando não possui um começo, meio e fim de forma direta. Você mudará a rota quantas vezes forem necessárias, irá falhar e terá que recomeçar. Você precisa sim evoluir, precisa aprender bastante e progredir, mas não a qualquer custo, nem em um prazo absurdo.
“Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objetivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.”
— Jean-Jacques Rousseau
Não estamos perdendo tempo, atrasados ou incapazes de fazer algo que realmente nos motive. Estamos buscando soluções para nossas insatisfações em vidas que não são as nossas, querendo a todo custo acelerar um processo que nos permitirá muito mais aprendizado, se for feito com um pouco mais de paciência.
No fim, o caminho é uma linha embolada que passa por vários pontos até chegar ao seu destino. Você cruzará com várias oportunidades e se questionará se essa é realmente a melhor opção. Não se preocupe, faz parte do processo! Você correrá contra o tempo e entenderá que pode desacelerar um pouco, para então refletir:
Eu estou com pressa de quê?
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Obrigado por ler até aqui. Espero que tenha gostado.
Nos encontraremos em outras oportunidades!
